sexta-feira, 12 de junho de 2009

Muros, moradias e vontades furiosas.


Honestidade, Lealdade.
De quem é a honra?
Na verdade, ser maldade
É o que movimenta o outro ser
que só se guenta
com a vida alheia em sua sombra.


Procuro motivos para ser certo.
Costumo percorrer caminhos incertos para não ultrapassar os limites do respeito.


Hoje perdi a calma, quase a razão.
Tive vontade de agredir, transgredir.
Queria botinar o rabo do meu vizinho até que ele arrotasse borracha.

Já fui educado, comedido.
Assim como fui ensinado, tal qual minha mãe sempre o fez.

O vizinho desrespeitou-a.
Ignorou-a.
Cansei desta continuidade libertina.

Verbalizei minha raiva.
Beirei a fúria.
Cessaram-se as negociações, que inicie-se a guerra jurídica.

Amigos, colegas e conhecidos: vocês não me conhecem na revolta real.

Ankh
12-06-2009
obs.: Amo minha namorada. Queria não ter tanta raiva assustando-a neste dia.
Mas se eu pudesse, ou fosse um burro, derrubaria um muro à base de coices.

domingo, 7 de junho de 2009

Eu era o cara do compre Várzea Grande



Muito do que faço não é de fácil compreensão.
Duro, pragmático, insensível. Espinhoso.
Careço de entendimento por padecer na vontade de viver artisticamente.
Hoje vejo que todo o trabalho que tenho para proporcionar maiores chances
nesse caminho só me afasta, dia a dia, do objetivo original.
Não sou presente, não compareço a shows nem festas.
Não participo mais de grupos, não organizo eventos. Não ajudo bandas,
não assisto ensaios, não pratico em casa.
Quis fazer a vida ser ainda mais salgada para um dia, quem sabe,
gozar da felicidade de estar entre os que gosto, fazer o que quero, ter a chance de produzir aquilo que creio conseguir. Criei responsabilidades, assumi compromissos.

Não sou gênio, não tenho dons. Dediquei-me muito quando mais novo e isso me levou a algum lugar. Hoje sou diletante. Quem tem a chance de conviver com minhas produções possui consciência da decadência iminente. Não busquei fama, nem reconhecimento. Busquei fazer o que acreditava valer a pena: criar, tocar em bandas, me divertir, conhecer e viver com pessoas que valem a pena. E tive muito sucesso nisso tudo.

Vejo pessoas que seguem rumos similares aos meus e que, com o passar dos anos, se tornaram meus heróis e inspiração. Cito alguns aqui, por conta de minha necessidade em ser sincero com o que acredito: José Augusto “Cavalo”, André Salvador, Ricardo Felippo, Fabrício Roder, Rodrigo Lopes, Carlos Lobo, Luiz Paulo Magrão, Rodrigo Zuca, Jéferson Cói, Beto Loco, Gustavo Adriano (com quem aprendi a compor).
Rafael Pereira e Abner (meus reais professores).
Há muitos mais que aprecio neste caminho, mas quis citar alguns dos que me fazem acreditar que vale a pena: meus amigos músicos e musicistas.
[sim, faltam alguns de vocês aí]

E eles me fazem pensar na justiça.
O que é justiça?
O que é ser justo?

Um grande amigo, arquiteto-poeta, disse uma vez que eu era uma pessoa muito justa.
E isso trazia muito sofrimento aos que convivem comigo.
Hoje eu concordo em gênero, número, grau e marca de cerveja.

Não sou tecnicamente bom. Alguns de meus melhores alunos (parei de lecionar há anos) indiquei a professores de verdade, tenho consciência das minhas limitações.

Hoje recebi um prêmio, por júri popular, pela segunda vez em minha vida.
Não fiquei só emocionado (riam carniceiros: chorei), mas abalado. Não abracei meus amigos, não festejei o agrado de ter pessoas que gostam de coisas similares a mim, não participei. Sequer estive lá para agradecer... e isso dói. Dói lutar para ser algo e, quando vejo que estou começando a me tornar, já tenho a certeza intrínseca de que não vai durar. Dói receber a ligação de um amigo, e exemplo pessoal, e ter que recusar o convite de estar na presença dele e dos demais. Já pedi uma vez que compreendessem que eu iria parar. Não o fiz, mas também não estou continuando com dedicação real.

Gostaria de deixar aqui minha posição a alguns dos que “concorriam” comigo.
Ricardo Felippo, Sidney Duarte, Danilo Bareiro, Leôncio Salles e Manoel Izidoro: Vocês sabem que escolha de público não significa nada a respeito de quem sabe ou não tocar. Vocês sabem, de verdade, que a escolha por júri popular sempre será tendenciosa e digna apenas de análise de gosto pessoal, absolutamente não-técnico. Continuarei apreciando e me inspirando no trabalho de cada um de vocês, e, para constar, votei no Felippo. Aos demais que concorriam, creio que estávamos todos um degrau abaixo dos que citei acima.

Quanto ao público, aos que votaram, aos amigos que celebraram comigo e por mim: muito obrigado, de coração. Tenham todos longa vida, que a música continue sendo motivo para que vocês façam grandes amizades e conheçam pessoas boas.

Ankh
Aos que não entenderam a imagem: sim, eu era o cara do compre Várzea Grande. Foi uma campanha do CDL local, todos achavam a camiseta ridícula. Eu tinha umas sete, só usei elas por uns dois anos.