sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

(...)

Parte entanto quanto corre
Quer ser santo qual legado
Já não ousa ver o vento
De seu ponto não mais vago

Já não usa outra alcunha
Quer daquela o peito-abraço
Sê do cento parte uma
Ser do centro outro braço

E foi longe o grito agudo
De refugo mal falado
Não relembra a vida dura
Apenas come água pura
Entra mudo sai calado
Dá o pulso pr’outro mundo.

É de tudo ser confuso
Fala tanto não diz nada
Ouve muito e dá risada
Qual provérbio em desuso

Vai seguindo
Vai vivendo
Sendo.
Rindo.

Ankh
26-12-2008
Aos meus bons amigos – que sabem quem são.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Faltam Palavras

O hábito da mudança é quebrar hábitos.
É relevar ao tempo a esperança por valorizar coisas novas, coisas sonhadas e não vividas.

No calor escaldante de uma sala seca, o teclado sofre enquanto muito é pensado enquanto verbo. Certo e errado, dicotomias ausentes na constante frívola, não relatam ao mundo o desejo infindável do aceite enquanto entidade – diferente da verdade: objeto escravo.

Partindo do pressuposto da auto-afirmação, joguetes taciturnos são trocados em mesclas de convivas, egos e colegas, enquanto a vaidade queima quaisquer chances de um momento agradável. Outra vez, o imperativo triunfante é a falta de respeito de um único que, por tão somente desocupado, faz as vezes de inoportuno-insuportável.

Vícios esgueiram-se por sobre a mesa, e nos intervalos dos sorrisos e palmas escandalosas, vibrando por bobagens todas, momentos de sanidade levam a alma longe. Conhecer-se, enquanto sociável, é lamentar-se por não saber o que em verdade é um princípio: se algo que aprendemos, se algo que descobrimos, se algo que disseram ser correto.

O que é um exemplo? Quem define a coesão das posturas e agruras de cada pessoa humana? Uma certeza inconveniente ressalta à mão o tendão exposto, qual texto escrito em momento outro, de que a opção não cabe à referência em púlpito, mas ao regozijo dos ignorantes na multidão. Se não vêem a verdade enfim, é que as máscaras são boas o bastante para enganar a si mesmos.

Arauto da discórdia, estandarte das palavras dúbias, que refuga o contato contínuo com grande parte de seus congêneres por saber ser fogo-fátuo. De suas máscaras, mais vale o desconhecimento de seu passado e o convívio respeitoso que o aceitar dos erros e a valorização das qualidades: perfeito demais, foge.

“Jesus Christ looks like me” (Type O'Negative)
Com pedras na mão, apedreja a cruz que construiu por anos a fio e carregou até o topo de um vale verde e fértil, que não ostenta mais. Sendo tanto quanto a terra semeada em meio a vermes, esgueira-se na redundância dos erros passados para resolver tarefas que por tanto evitou. Se competente, desaprendido. Se ímpar, hoje apenas sem par.

E para tanto quanto busca, ser quaisquer adjetivos menos apegados à materialidade do que não possui, resta apenas areia nos sapatos que, de tão usados, vão ficar à mercê de um canto escuro, uma caixa, uma lixeira.

Ankh
19-12-2008

Absolutamente sem continuidade.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

"Célebro"

Eu me espanto
Com absurdos
Com ignorância
Com ganância
Seres arrogantes

Eu me espanco
No verbo
No incorreto
No auto-controle
Para não subjugar diferentes seres.

Espécie humana
Da raça sapiente polegar-opositora
Que em alguns momentos
Envergonha os ancestrais macacos.

Como é possível uma cultura incentivar tanto corpo com tão pouco cérebro?
Felizes dos machistas!

Ankh
16-12-2008

sábado, 13 de dezembro de 2008

Palavras sinceras, noites boêmias, resultados previsíveis.

Em dias como hoje, a carne quer ser cinza.
A memória, história.

Em tempos como agora, além da fornalha ambulante que cozinha o lombo,
Há também a fervura mental que, de lascívia e fúria,
Envolve os olhos em fugas mil.

Das mãos que tremem necessidades fúteis
O corpo inteiro em contendas inúteis
Ser homem
Não menino.

Abandonar um mundo em que ostento cargos
Herói da lascívia, mestre da imponderância
Para quem sabe um dia
Ter certeza de valer a pena.

A alma é vasta
O sentimento enorme
Os erros tantos
Que o poeta morre.

Ankh
13-12-2008

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ato Consciente

O Vento
Como o refúgio de folhas secas
Leva o pó
E lava o mundo com fagulhas puras e pérfidas

O Tempo
Como augúrio de mortos-enterrados
Leva o só
A um campo de rosas de presença única

Outros tantos
Outros entes
Entre tantos
Tão somente
Esperam
Que o tempo, ou o vento
Reescrevam suas histórias.

Ankh
09-12-2008