sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Serei eu arauto da andragogia?
Provedor do verbo da maestria?
Curador acadêmico desta longa marcha.

Viverei eu como parte do descobrir alheio?
De todo aquele cujo ofício direcionar anseio?
Tal qual horizonte com linha vasta.

Mudando para participar
Participando das mudanças
Consciente enquanto humano
A mão, o peito, qual criança

Será este só outro ano?
Outro passo, outras andanças
Novos caminhos a tomar.

Incerto é o processo
Coeso como uma luva
Em uma mão que não a aguarda.
E se o sol na testa tarda
Olho o céu, espero chuva
D'onde estou não há regresso.

Espero ser o bastante.

Ankh
20-08-2008

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Pensando em virar padre

O processo de amadurecimento converge com as opções conscientes às mudanças mais simples. Hábitos, lugares, pessoas e vícios são trocados por movimentos condicionados por buscas e aspirações outrora intocáveis; o presente torna-se um mero passo ao futuro.

Em um invólucro espaço-temporal, todas as decisões pertinentes ao surgimento de um princípio novo (não no sentido de criação, mas de conclusão) são colocadas a prova; o que vale a pena torna-se um pilar, as facadas às costas são todas cicatrizadas e as palavras, qual flechas, começam a tornar-se lenha para uma pequena fogueira de vaidades. De adereços a posturas, morrer e renascer.

O Condor sobrevoa o sol poente. Em despedida, as nuvens dançam no céu das ilusões ao som da marcha humana, com o ribombar pulsante dos passos condicionados, enveredando em direção à primavera mais próxima. O combustível, palavras virtualmente escritas, dá vazão ao surgimento de novas fagulhas de compreensão.

Do corte de raízes e da poda (in) segura de sequóias:
Algumas árvores crescem mais que as demais em seu entorno. Criam raízes fortes, projetam sombras e galhos por um espaço imenso. Seu corte, sua poda, sombra, altura e finalidade são todos parte da construção de um único pilar. Quando nesta constroem-se novas sedes, novas casas, cada movimento em favor de sua reconstrução, ou de uma nova motivação visual-estético-estrutural, acarreta mudanças em vários âmbitos.
O corte, e sua queda, fazem parte do processo de renascimento. O lenhador, que manda ao chão toda uma estrutura anteriormente confiável, vê no resultado duas prováveis trilhas:
- o início de uma nova planta, com crescimento ordenado; ou o falecimento de parte admirável de uma exuberante e gigantesca forma de (a/o) vida.

(não lhe cabe decidir o melhor, apenas segurar o machado).

Muitos dos animais que coexistiam neste habitat morrerão, inevitavelmente. Do velho tronco, cujo coração fica exposto às intempéries, crescerá outra árvore, galhos, folhas.
É claro que existem várias formas de incentivar o que brota; das delicadas adubagens e chuvas ao sol e sal que seguirão o processo. Mas o novo, não será nunca o mesmo do que se esperava anteriormente.


O inferno é a repetição, ou, no caso, seria.

Franclim José Santos
29-05-2008


Postado hoje, 20-08-2008.
Pensando em quais mudanças são necessárias, quais são inevitáveis e quais deveria ter me preparado para.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Dia dos Pais

Um herói a ser honrado, uma pessoa de participação ímpar na vida dos presentes, dos ausentes, dos omissos; de todos, enfim.
Ultimamente estou nostálgico: tenho visto relações familiares peculiares.
Vi pais e filhos se reconciliarem após anos de distância.
Vi filhos com respeito e apreço imensuráveis.
Vi pais surgirem, vi filhos se tornarem pais.
Vi amigos ganharem um adjetivo que admiro e respeito, e até arrisco dizer que um dia irei querer.
Vi pais se sacrificarem por filhos.
Vi filhos fugirem.
Vi filhos se revoltarem por amar demais seus pais e não quererem admitir.
Vi pais fugirem.
Vi pais e mães brigarem pelos filhos e vi filhos brigarem pelos pais.

Todos os dias eu vejo a vida sendo celebrada.

Há pouco fizeram 19 anos de saudades.
De carinho. De bons exemplos, de caminhos a seguir, de posturas.
Até mesmo naquilo que descobri não condizer com as realidades que acreditava serem verdadeiras, cresci e aprendi: do que não concordo, pude discernir o que não pretendo me tornar.

(Me ocorre discorrer sobre “ser filho”, mas não é o caso deste texto).

Já ouvi dizerem que os filhos são uma continuação dos pais.
Não iguais, até porque os caminhos, sejam eles quais forem, são sempre sujeitos à intempérie e aos obstáculos da natureza. O resultado é que a semente germinada nem sempre produz uma árvore igual – os galhos, as folhas e os ramos serão diferentes.

Celebro aqui o dia dos pais, independente do comércio implícito na data.

Ao dia de todos os pais:
Que lutam, que sacrificam.
Que discutem, que brigam, repreendem.
Que ensinam, sorriem, ajudam a levantar.
Que sofrem, que felicitam, que são admiráveis.
Que defendem, que são defendidos, que se ofendem e tomam dores.
Que fazem o que podem, mesmo quando não parece.
Que padecem pelas dores, que vibram pelas vitórias.
Que dão início ao caminho.
Que amam.

Aos pais que são, aos que serão, aos que precisam aprender a ser e aos que foram.
Às mães que são pais.

Ankh
Escrito em 04-08-2008